Demência: é possível prevenir por meio da nutrição?
A demência é uma condição debilitante que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Embora a genética e os fatores hereditários desempenhem um papel importante no desenvolvimento da demência, a nutrição desempenha um papel fundamental tanto na prevenção quanto na minimização dessa condição.
Confira, a seguir, como a alimentação adequada pode desempenhar um papel na saúde cerebral e no combate à demência.
Uma conexão intrigante
A relação entre demência e nutrição é cada vez mais reconhecida pelos profissionais de saúde, tendo em vista que estudos demonstraram que uma dieta equilibrada pode ajudar a prevenir e retardar o progresso da doença. Por outro lado, certas condições relacionadas à nutrição podem aumentar o risco de desenvolvimento da demência. Aqui estão algumas delas:
- Diabetes tipo 2: A resistência à insulina e aos altos níveis de açúcar no sangue, associados ao diabetes tipo 2, pode danificar os vasos sanguíneos e aumentar o risco de demência vascular.
- Hipertensão arterial: A pressão alta pode causar danos aos vasos sanguíneos cerebrais, aumentando o risco de demência vascular.
- Obesidade: A obesidade está associada a inflamações crônicas no corpo, incluindo o cérebro, o que pode contribuir para o desenvolvimento da demência.
- Deficiências nutricionais: A falta de vitaminas essenciais, como B12, folato e vitamina D, pode variar em termos de saúde cerebral e aumentar o risco de demência.
O que os estudos dizem
A edição de julho da revista Pesquisa FAPESP destaca a preocupante realidade da demência no Brasil, onde pelo menos 1,76 milhão de pessoas com mais de 60 anos enfrentam essa condição. Um relatório elaborado por especialistas em Neurologia, Geriatria e Saúde mental destaca a necessidade de uma estratégia de ação nacional para enfrentar esse desafio, já que muitos afetados não têm sequer um diagnóstico. Em consequência, são privados do tratamento adequado para controlar os sintomas que afetam a memória, raciocínio, humor e comportamento.
O aumento dos casos de demência não é uma tendência exclusiva do Brasil. Em todo o mundo, o envelhecimento da população é uma realidade, com a expectativa de que, até 2050, quase 2 bilhões de pessoas tenham 60 anos ou mais, segundo a ONU. Paralelamente a isso, os países de média e baixa renda enfrentam um aumento desproporcional dos casos de demência, incluindo a América Latina, sobrecarregando sistemas de saúde e famílias.
Como a alimentação pode minimizar a demência?
Embora não haja cura definitiva para a demência, uma abordagem cuidadosa da alimentação pode desempenhar um papel significativo na minimização dos sintomas e na melhoria da qualidade de vida das pessoas afetadas. Aqui estão algumas maneiras pelas quais a alimentação pode contribuir para minimizar a demência:
- Dieta rica em antioxidantes: Antioxidantes são substâncias que combatem os radicais livres, que podem causar danos às células cerebrais. Alimentos como frutas vermelhas, uvas, nozes, vegetais de folhas verdes e chá verde são ricos em antioxidantes. Incluí-los na dieta pode ajudar a proteger o cérebro contra danos oxidativos.
- Ômega-3: O ômega-3, encontrado em peixes gordurosos como o salmão e a sardinha, possuem propriedades anti-inflamatórias e podem promover a saúde cerebral. Eles também estão associados a um menor risco de doenças neurodegenerativas.
- Vitaminas e minerais: Certas vitaminas e minerais desempenham um papel importante na saúde cerebral. A vitamina B12, a vitamina D e o folato são exemplos. Garantir que sua dieta seja rica nesses nutrientes é fundamental.
- Moderação no uso de álcool: O consumo excessivo de álcool pode prejudicar o cérebro e aumentar o risco de demência. É importante limitar o consumo de álcool ou evitar o uso excessivo.
- Estratégias de controle de peso: Manter um peso saudável é essencial, pois a obesidade está associada a um maior risco de demência. Uma alimentação equilibrada e a prática regular de atividades físicas podem ajudar no controle do peso.
Deve-se lembrar sempre que a demência é uma condição complexa e multifatorial, e a alimentação é apenas um aspecto do cuidado. Consultar um profissional de saúde como um nutricionista para orientação personalizada é fundamental.
Além disso, a promoção de um estilo de vida saudável que inclui exercícios físicos, estímulo mental e cuidados emocionais também desempenha um papel crucial na minimização dos sintomas de demência e na melhoria da qualidade de vida das pessoas afetadas.
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Cristina Trovó
Nutricionista