Alimentação e Longevidade: O que os 10% mais saudáveis têm em comum?

Envelhecer com saúde é uma das grandes ambições da humanidade — mas, segundo a ciência, não é a realidade da maioria. Um estudo de coorte inédito, publicado na renomada revista Nature Medicine em abril de 2025, acompanhou mais de 6.000 indivíduos por três décadas e revelou um dado alarmante: apenas 1 em cada 10 pessoas envelhece com saúde plena. Ou seja, sem desenvolver doenças crônicas, com capacidade funcional preservada e autonomia mantida até os últimos anos de vida.
Mas afinal, o que diferencia esse seleto grupo de 10% dos demais? Quais são os hábitos de vida — e mais especificamente, os padrões alimentares — que estão por trás da longevidade saudável?
A boa notícia é que envelhecer bem não é questão de sorte ou genética privilegiada, mas resultado de decisões conscientes tomadas ao longo da vida. E entre elas, a alimentação equilibrada e baseada em comida de verdade é um dos pilares mais fortes.
Se você deseja investir na sua saúde amanhã, continue a leitura.
O que os 10% mais saudáveis têm em comum?
A pesquisa da Nature Medicine avaliou uma série de fatores, incluindo função cognitiva, presença de doenças crônicas (como diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares e câncer), capacidade física, bem-estar emocional e até níveis de marcadores inflamatórios no sangue. E um padrão se repetia entre os 10% que chegaram à terceira idade em ótimas condições: alimentação nutritiva, balanceada e baseada em alimentos in natura.
Confira os principais hábitos nutricionais dessas pessoas e como aplicá-los na sua rotina:
1. Alta ingestão de alimentos vegetais e naturais
Pessoas que envelhecem bem comem mais vegetais e menos produtos industrializados. A base da dieta dos longevos inclui:
- Frutas frescas variadas (com destaque para frutas vermelhas, ricas em antioxidantes);
- Verduras escuras (espinafre, couve, rúcula);
- Legumes coloridos (cenoura, abobrinha, beterraba, abóbora);
- Leguminosas (feijão, lentilha, ervilha, grão-de-bico);
- Grãos integrais (arroz integral, quinoa, aveia, trigo sarraceno);
- Sementes e oleaginosas (chia, linhaça, nozes, castanha-do-pará, amêndoas).
Esse padrão alimentar é conhecido por proteger o coração, melhorar o trânsito intestinal, fortalecer o sistema imunológico e reduzir o estresse oxidativo, um dos principais mecanismos do envelhecimento precoce.
2. Consumo frequente de proteínas magras e vegetais
A ingestão adequada de proteínas de alta qualidade é essencial para preservar a massa muscular com o passar dos anos, prevenindo a sarcopenia — uma condição comum em idosos e associada a quedas, perda de autonomia e hospitalizações.
Entre os alimentos preferidos dos 10% mais saudáveis, destacam-se:
- Peixes ricos em ômega-3, como salmão, sardinha e cavala;
- Ovos, preparados de forma simples (cozidos ou mexidos com vegetais);
- Carnes brancas (como frango);
- Proteínas vegetais: feijões, lentilhas, tofu, tempeh e edamame.
Importante: Esses indivíduos não necessariamente excluíam carnes, mas evitavam o consumo excessivo de carnes vermelhas processadas, como salsichas, bacon, linguiça e embutidos.
3. Ingestão de gorduras boas, anti-inflamatórias
Enquanto grande parte da população consome gorduras saturadas em excesso (frituras, fast foods, queijos ultraprocessados), os longevos priorizam as gorduras insaturadas, com propriedades protetoras contra doenças cardiovasculares e inflamações silenciosas.
Essas gorduras vêm de:
- Azeite de oliva extravirgem (rico em compostos bioativos);
- Abacate e coco fresco;
- Castanhas, nozes e sementes;
- Peixes ricos em ômega-3.
Esses alimentos não apenas protegem o coração, como também contribuem para a saúde cerebral, reduzindo o risco de demência e Alzheimer.
4. Evitar alimentos ultraprocessados é regra, não exceção
Um dos fatores mais consistentes entre os que não envelheceram bem foi o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, como:
- Refrigerantes e sucos artificiais;
- Pães e bolos industrializados;
- Enlatados com conservantes;
- Snacks, salgadinhos, biscoitos recheados;
- Produtos prontos congelados e instantâneos.
Esses produtos são ricos em açúcares adicionados, gordura trans, sódio e aditivos químicos — ingredientes diretamente ligados ao desenvolvimento de doenças inflamatórias, resistência à insulina, disbiose intestinal e síndromes metabólicas.
5. Comem com atenção plena e prazer
Além do que comem, os longevos também se destacam por como comem. Eles fazem as refeições com calma, prestando atenção aos sinais de fome e saciedade, valorizam o momento da refeição em família ou em grupo, e evitam distrações como telas ou celulares durante as refeições.
Essa prática, conhecida como alimentação consciente (mindful eating), contribui para:
- Melhor digestão e absorção dos nutrientes;
- Controle do peso corporal;
- Prevenção de compulsões alimentares;
- Relação mais saudável com a comida;
6. Hidratação constante e escolhas inteligentes de bebidas
Os indivíduos mais saudáveis priorizam a água como bebida principal ao longo do dia, além de infusões naturais (como chá verde e chá de hibisco) e sucos naturais sem açúcar em pequenas quantidades. Refrigerantes, bebidas alcoólicas e energéticos são evitados ou consumidos com extrema moderação.
Genética ou estilo de vida?
Embora fatores genéticos influenciam parcialmente o processo de envelhecimento, os pesquisadores do estudo destacam que mais de 70% dos fatores associados à longevidade saudável estão relacionados ao estilo de vida. E, entre eles, a alimentação é o mais decisivo.
Portanto, sim — você pode envelhecer bem, independentemente do histórico familiar, se fizer escolhas consistentes ao longo da vida. E nunca é tarde para começar.
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