Jejum Intermitente: riscos e cuidados com a saúde intestinal.
O jejum intermitente tem sido promovido por seus potenciais benefícios à saúde e longevidade, oferecendo não apenas uma abordagem para controle de peso, mas também melhorias no metabolismo e, até, na prevenção de doenças. No entanto, estudos recentes realizados pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), publicados na renomada revista Nature, lançam um alerta importante para quem adota essa prática. Os pesquisadores observaram que, embora o jejum traga benefícios, o período logo após a realimentação pode apresentar riscos específicos para algumas pessoas, especialmente, em relação à saúde intestinal.
Então, como equilibrar os benefícios do jejum com esses novos riscos identificados? Nos próximos parágrafos, vamos mostrar as recomendações dos especialistas.
O que é Jejum Intermitente?
O jejum intermitente (JI) é uma prática alimentar que alterna períodos de jejum e alimentação, em vez de manter uma ingestão regular de alimentos ao longo do dia. Existem diferentes métodos de jejum intermitente: o 16/8, no qual uma pessoa jejua por 16 horas e se alimenta nas 8 horas restantes, ou o método 5:2, que consiste em comer normalmente por cinco dias e limitar calorias por dois dias. O principal objetivo do jejum intermitente é dar ao corpo um período sem ingestão de alimentos, o que pode ativar processos de renovação celular e queima de gordura.
Entre os benefícios do jejum intermitente, destaca-se a perda de peso, pois o corpo, durante o jejum, recorre às reservas de gordura como fonte de energia. Esse processo ajuda no controle do peso e na redução do percentual de gordura corporal. Porém, o jejum intermitente não está livre de riscos. Um dos principais problemas é o risco de deficiências nutricionais, já que a restrição de tempo para a ingestão de alimentos pode levar à ingestão insuficiente de nutrientes essenciais. Além disso, algumas pessoas podem sofrer episódios de compulsão alimentar no fim do período de jejum, consumindo grandes quantidades de alimentos, o que pode anular os benefícios da prática.
No início, é comum sentir fome, cansaço, irritabilidade e dificuldades de concentração, efeitos que podem ser desconfortáveis para quem está se adaptando ao jejum. Em alguns casos, o jejum intermitente pode representar um risco para a saúde intestinal, especialmente, em indivíduos geneticamente predispostos a doenças intestinais, devido ao aumento da hipoglicemia celular após o período de jejum.
Cautela com jejum intermitente - possível aumento de tumores intestinais
O jejum intermitente tem se tornado uma prática popular, com várias pesquisas apontando benefícios para a saúde e a longevidade como a perda de peso e a melhora no metabolismo. No entanto, uma nova descoberta publicada na revista Nature lança uma perspectiva cautelosa sobre essa prática. Cientistas do Massachusetts Institute of Technology (MIT) observaram que, ao analisar o comportamento das células intestinais durante e após o jejum, surgem evidências de que a realimentação pode levar a uma alimentação acelerada das células-tronco intestinais. Esse processo, embora traga benefícios na renovação celular, também pode aumentar a predisposição ao surgimento de tumores, especialmente em indivíduos geneticamente suscetíveis.
O papel da realimentação e os riscos ocultos
Uma pesquisa, que utilizou camundongos como modelos experimentais, revelou que o ponto mais crítico ocorre, justamente, no momento da realimentação, quando as células-tronco intestinais proliferam com maior intensidade. Isso ocorre devido à ativação da via mTORC, que impulsiona o metabolismo celular e a divisão celular. Conforme explicaram os pesquisadores, o período de realimentação é um momento de intensa atividade celular no intestino, impulsionada por células-tronco que renovam o tecido epitelial. Essa atualização, que geralmente é vantajosa para alteração de tecidos, pode ter um efeito colateral indesejado: o aumento da atenção celular pode aumentar o risco de mutações, principalmente, em indivíduos com predisposição genética para o câncer. Os experimentos em camundongos revelaram que, ao serem alimentados, logo após períodos prolongados de jejum, os animais apresentavam maior tendência ao desenvolvimento de tumores intestinais, caso possuíssem mutações específicas.
Esse achado sugere, portanto, que para aqueles que têm histórico familiar de câncer intestinal, o jejum intermitente deve ser feito com cautela. Além disso, a escolha dos alimentos consumidos, no período de realimentação, pode desempenhar um papel crucial. Alimentos potencialmente carcinogênicos como carnes processadas e produtos ricos em açúcar podem ser relevantes nesse contexto.
Seja consciente e responsável
Embora o jejum intermitente ofereça benefícios para o metabolismo e o controle de peso, novas pesquisas sugerem que a prática deve ser aplicada com cautela, especialmente, para pessoas com histórico de doenças intestinais ou predisposição genética para o câncer. Equilibrar os períodos de jejum com uma alimentação saudável e controlada, durante a realimentação, pode ser uma chave para obter os benefícios do jejum sem aumentar riscos para a saúde. A orientação dos profissionais de saúde é fundamental para a adoção segura dessa prática.
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