Desvendando a conexão entre microbiota intestinal e obesidade

Desvendando a conexão entre microbiota intestinal e obesidade

Você já se perguntou como a composição do seu intestino pode afetar seu peso corporal? A resposta pode estar na microbiota intestinal, um ecossistema de microrganismos que habita seu trato gastrointestinal. No entanto, o que pode surpreender muitas pessoas é o crescente corpo de evidências que sugere uma conexão intrigante entre a composição da microbiota intestinal e a obesidade.
 Neste artigo, vamos nos aprofundar nessa relação complexa, explorando como as alterações na microbiota intestinal podem influenciar o desenvolvimento e a progressão da obesidade.


O que é microbiota intestinal?
A microbiota intestinal, muitas vezes chamada de flora intestinal, é um ecossistema extremamente complexo que habita nosso trato gastrointestinal desde o nascimento. Consiste em uma comunidade diversificada de microrganismos, incluindo uma grande variedade de bactérias, vírus, fungos e, até mesmo, alguns parasitas, cada um desempenhando funções únicas e interconectadas.
Essa comunidade microbiana consiste em uma relação simbiótica com o hospedeiro humano, desempenhando papéis cruciais em uma série de processos fisiológicos. Além de auxiliar na digestão e na absorção de nutrientes, a microbiota intestinal é fundamental para o desenvolvimento e maturação do sistema, atuando imunologicamente e desempenhando um papel de defesa contra patógenos invasores.


Qual a relação entre a microbiota intestinal e a obesidade?
A relação entre obesidade e microbiota intestinal tem sido objeto de extensa pesquisa nos últimos anos, revelando uma interação complexa e multifacetada entre o estado da microbiota e o desenvolvimento da obesidade.
Estudos têm mostrado, consistentemente, que indivíduos obesos tendem a apresentar alterações na composição e na diversidade da microbiota intestinal em comparação com indivíduos com peso saudável. Em particular, observou-se uma abundância de certas espécies bacterianas benéficas, como Akkermansia muciniphila e Faecalibacterium prausnitzii, e um aumento na proporção de outras, como Firmicutes em relação aos Bacteroidetes.
Essas alterações na microbiota intestinal estão associadas a uma série de fatores que afetam o desenvolvimento da obesidade, incluindo:

  1. Metabolismo de nutrientes: A composição da microbiota intestinal pode influenciar a perda de energia dos alimentos, afetando o balanço energético e o armazenamento de gordura. Por exemplo, estudos sugerem que uma proporção aumentada de Firmicutes em relação aos Bacteroidetes está associada a uma maior capacidade de extrair energia dos alimentos e a um maior ganho de peso.
  2. Inflamação crônica: Alterações na microbiota intestinal podem levar a um estado de inflamação crônica de baixo grau, que está intimamente ligado à resistência à insulina, disfunção metabólica e desenvolvimento de condições associadas à obesidade, como diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.
  3. Regulação do apetite e comportamento alimentar: A microbiota intestinal desempenha um papel importante na regulação do apetite e do comportamento alimentar, influenciando a produção de hormônios relacionados à saciedade e ao apetite, como a grelina e a leptina. Alterações na microbiota podem levar a disfunções nesse sistema de regulação.

 

Alimentação e modulação da microbiota do intestino
A alimentação desempenha um papel fundamental na modulação da microbiota intestinal, pois os nutrientes que consumimos fornecem substratos essenciais para o crescimento e a atividade das diferentes espécies bacterianas. Uma dieta rica em fibras, frutas, legumes e grãos integrais tem sido associada a uma microbiota mais diversificada e saudável.
As fibras alimentares são especialmente importantes, pois são fermentadas pelas bactérias do cólon, resultando na produção de ácidos graxos de cadeia curta como o butirato, que são fontes de energia para as células intestinais e têm propriedades anti-inflamatórias. Além disso, as fibras promovem o crescimento de bactérias benéficas como Bifidobacterium e Lactobacillus, que estão associadas a uma série de benefícios para a saúde, incluindo a regulação do metabolismo e a redução do risco de obesidade e doenças metabólicas.
Portanto, a relação entre a microbiota intestinal e a obesidade é complexa e multifacetada. Compreender essa conexão pode abrir portas para estratégias de intervenção dietética e terapêutica, que visam modular a microbiota e promover a saúde metabólica.

Quer saber mais sobre o tema? Confira mais dicas clicando aqui.
Para este e outros conteúdos, siga meu Instagram @cristinatrovonutricionista.

 

Cristina Trovó
Nutricionista

UTI das Ideias - Soluções Corporativas em Web e Design