Corantes nos alimentos: FDA recomenda substituição dos artificiais por naturais — e no Brasil, como estamos?

Corantes nos alimentos: FDA recomenda substituição dos artificiais por naturais — e no Brasil, como estamos?

É comum olharmos para uma bebida com cores vibrantes e pensarmos: “Será que isso faz bem?” Por trás das tonalidades chamativas de muitos alimentos industrializados, escondem-se os corantes artificiais — substâncias criadas em laboratório para tornar os produtos mais atraentes, especialmente, aos olhos das crianças. Recentemente, a FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos) recomendou a substituição desses corantes por alternativas naturais. Por quê? Como essa realidade se aplica ao Brasil?
Neste texto, vamos explicar o que motivou essa mudança de posicionamento da agência americana, o que diz a legislação brasileira sobre o tema e como você pode fazer escolhas alimentares mais conscientes, reduzindo a ingestão de aditivos. Prepare-se para repensar o que tem colorido o seu prato.


Por que a FDA está recomendando a substituição de corantes artificiais?
A FDA vem acompanhando estudos que apontam possíveis efeitos negativos dos corantes artificiais sobre a saúde, especialmente em crianças. Alguns estudos associam o consumo frequente desses aditivos a sintomas como hiperatividade, alterações de comportamento e reações alérgicas. Com base nesses dados, a agência tem incentivado a indústria alimentícia a migrar para corantes naturais como cúrcuma, beterraba, espirulina, urucum e carmim (extraído da cochonilha).
O consumo frequente de corantes artificiais, segundo estudos internacionais, pode estar associado a:

  • Aumento da hiperatividade e déficit de atenção (TDAH) em crianças suscetíveis. Um dos estudos mais influentes foi publicado no The Lancet e demonstrou uma relação entre o consumo de certos corantes e alterações comportamentais.
  • Reações alérgicas ou de sensibilidade alimentar como urticária, asma e irritações cutâneas, em pessoas mais sensíveis.
  • Possíveis efeitos tóxicos cumulativos, uma vez que muitos alimentos consumidos, diariamente, contêm mais de um tipo de aditivo, o que levanta dúvidas sobre o impacto da exposição crônica.

Ainda que os estudos não sejam conclusivos para todos os públicos, a FDA, seguindo o princípio da precaução, tem incentivado os fabricantes a reformularem seus produtos com alternativas naturais, mais seguras e bem aceitas pela população — tanto do ponto de vista da saúde quanto da sustentabilidade.
 Essa medida não é obrigatória, mas serve como um forte direcionamento para que fabricantes adotem práticas mais seguras e transparentes, alinhadas às demandas de consumidores cada vez mais atentos à qualidade dos ingredientes.


E no Brasil, o que dizem as normas da ANVISA?
No Brasil, quem regula o uso de aditivos alimentares, incluindo corantes, é a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Aqui, os corantes artificiais são permitidos, desde que estejam dentro dos limites estabelecidos pela legislação vigente. A lista de aditivos autorizados é ampla, e muitos dos corantes sintéticos utilizados nos Estados Unidos também são comuns nos alimentos brasileiros, a exemplo do amarelo tartrazina (E102) e o vermelho 40 (E129).
Apesar disso, cresce a preocupação de especialistas em Nutrição com o consumo excessivo desses aditivos, especialmente, em produtos destinados ao público infantil. A pressão da sociedade e de movimentos ligados à saúde alimentar tem impulsionado uma mudança gradativa nas formulações de produtos industrializados, ainda que a troca por corantes naturais não seja, por enquanto, uma exigência legal no Brasil.



Como identificar corantes artificiais nos rótulos?
Uma dica valiosa: leia os rótulos com atenção, pois os corantes artificiais geralmente aparecem descritos por nomes técnicos (como "tartrazina", "azorrubina" ou "brilhante azul FCF"), ou por códigos numéricos precedidos da letra "E" (como E102, E110, E122). Por outro lado, os corantes naturais costumam ser descritos pelo nome do ingrediente de origem, tal como "extrato de cúrcuma" ou "corante natural de beterraba".


Como evitar corantes artificiais na alimentação?
Evitar completamente os corantes artificiais pode ser um desafio, mas é possível reduzir significativamente sua presença, no dia a dia, com algumas estratégias simples:

  • Priorize alimentos in natura e minimamente processados: frutas, legumes, grãos integrais e carnes frescas não contêm aditivos artificiais.
  • Evite produtos ultraprocessados: biscoitos recheados, gelatinas industrializadas, refrigerantes e balas são campeões em corantes sintéticos.
  • Faça substituições caseiras: por exemplo, prepare gelatinas com suco de fruta natural e gelatina sem sabor.
  • Aposte em marcas que valorizam ingredientes naturais: muitas empresas têm se destacado ao oferecer versões com corantes naturais ou sem aditivos.
  • Eduque as crianças desde cedo: ensine-as a reconhecer alimentos de verdade e a desconfiar de cores muito chamativas.

O que fazer com essa informação?
Se você já sabe dos riscos envolvidos no uso de corantes artificiais e das diretrizes de agências como a FDA, que influenciam globalmente as práticas alimentares, é hora de agir. Comece pela sua própria rotina alimentar e incentive mudanças na sua família. Pequenas trocas fazem grande diferença, principalmente a longo prazo.
E lembre-se: cor vibrante nem sempre é sinônimo de saúde. Muitas vezes, o verdadeiro valor nutricional está nas cores naturais dos alimentos — aquelas que vêm da terra, e não do laboratório.


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