Tecido adiposo: órgão endócrino
Muitas pessoas acreditam que a função do tecido adiposo é exclusivamente armazenamento de gordura para reserva energética do nosso corpo. Realmente, esse tecido é caracterizado pela combinação de células chamadas adipócitos. Esses adipócitos contêm uma grande quantidade de gordura em seu citoplasma, a qual serve também de fonte de energia, além de funcionar como isolante térmico, como protetor para impactos, e ainda participar das funções endócrinas, isto é, participa da regulação e formação de hormônios de extrema importância. Confira:
Estrogênios
O tecido adiposo participa da produção de hormônios estrogênios que agem ativamente na diferença de distribuição da gordura entre homens e mulheres e favorecem a deposição de gordura na região do quadril.
Leptina
Também conhecida como hormônio da saciedade, a leptina é derivada de um gene expresso nas células do tecido adiposo (adipócitos). O aumento da gordura altera a sua produção no organismo. O tecido adiposo branco é o responsável por sua produção e liberação na corrente sanguínea. Uma vez no sangue, a leptina age no cérebro, avisando que tem gordura armazenada (resultando na sensação de saciedade), e que, por isso, a ingesta pode ser interrompida. A leptina também reflete o estado nutricional do indivíduo, modula o gasto energético e o apetite, sendo mais presente em pessoas com maior quantidade de gordura corporal.
As pessoas obesas produzem muito mais leptina. O nível mais alto desse hormônio pode provocar resistência à ação dele mesmo e a pessoa passa a não sentir mais sensação de saciedade, mesmo depois de consumir quantidade suficiente de alimentos. Este processo aumenta o ganho de peso. A partir daí, para o indivíduo reverter o processo, é preciso força de vontade, determinação, e, acima de tudo, foco.
Angiotensinogênio
O angitensinogênio é uma proteína circulante secretada pelo fígado e pelo tecido adiposo. O angitensinogênio passa por um processo de transformação até formar um peptídeo chamado angiotensina II, que atua nos rins e na tensão dos vasos sanguíneos, promovendo uma maior tensão, vasoconstrição e aumento da pressão arterial, uma das comorbidades observadas em quadros de obesidade. A angiotensina II pode transformar pré-adipócitos a adipócitos, promovendo, assim, o aumento do tecido adiposo. Em indivíduos obesos, a maior taxa de secreção pode estar relacionada à pressão alta.
Adiponectina
Secretada e expressa no tecido adiposo, mais especificamente pela gordura subcutânea, essa proteína atua na regulação da glicemia e no catabolismo de ácidos graxos. No entanto, estudos mostram que a adiponectina circulante é inversamente proporcional a quantidade de gordura corporal. Isto é, mesmo sendo produzida por esse tecido, quando a gordura visceral é presente em grandes quantidades, sua produção é diminuída, promovendo assim o descontrole da glicemia e da perda de gordura. Apesar do tecido adiposo ser comumente conhecido apenas pela função de reserva energética, esses são apenas alguns exemplos da importância desse tecido na regulação do nosso corpo. Dessa forma, é possível definir estratégias de redução de massa gorda quando necessário, lembrando sempre da sua importância como órgão endócrino.