Desafios e avanços na saúde nutricional infantil: Anemia, excesso de peso e deficiências de vitaminas

Desafios e avanços na saúde nutricional infantil: Anemia, excesso de peso e deficiências de vitaminas

Se há algo que preocupa pais e profissionais da saúde é a saúde nutricional das crianças, especialmente nos primeiros anos de vida. Infelizmente, estudos recentes têm apontado uma tendência preocupante: enquanto a anemia e deficiência de nutrientes ainda são uma realidade para muitas crianças, o excesso de peso está se tornando cada vez mais comum entre os pequenos, especialmente aqueles com até 5 anos de idade.
Essa dualidade de desafios nutricionais exige uma abordagem cuidadosa e equilibrada para garantir que as crianças cresçam saudáveis e felizes.


O padrão nutricional e alimentar das crianças
A nutrição e alimentação das crianças durante os primeiros cinco anos de vida são cruciais para o crescimento delas, desenvolvimento e saúde a longo prazo. No entanto, o padrão nutricional e alimentar atual das crianças, nessa faixa etária, enfrenta uma série de desafios importantes, refletindo mudanças nos hábitos alimentares e no estilo de vida.
Um dos principais desafios é o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados, que são ricos em calorias vazias, açúcares adicionais, gorduras saturadas e, pobres em nutrientes essenciais. Esses alimentos altamente processados, ​​muitas vezes, substituem opções mais saudáveis como frutas, legumes, grãos integrais e proteínas magras, contribuindo para deficiências nutricionais e aumento do risco de obesidade, diabetes e outras doenças crônicas.
As causas subjacentes à epidemia de excesso de peso, tanto em adultos quanto em crianças, são multifacetadas e têm semelhanças marcantes. Dentre essas causas, além das influências genéticas, destacam-se um estilo de vida sedentário, níveis elevados de estresse, padrões de sono inadequados e uma dieta rica em alimentos industrializados, altamente calóricos e conhecidos como ultraprocessados.
É assustador o fato de que esses alimentos são introduzidos na alimentação infantil desde os primeiros meses de vida.

Uma preocupação alarmante
 Se há algo que nos preocupa como profissionais da saúde,  pais e educadores é a saúde e o bem-estar das nossas crianças. Um estudo publicado em outubro de 2023, nos Cadernos de Saúde Pública, revelou um panorama alarmante: uma proporção significativa de crianças brasileiras está enfrentando problemas de peso, que excedem as recomendações para sua faixa etária e altura. Essa tendência não compromete apenas a saúde imediata das crianças, mas também aumenta o risco de desenvolvimento de doenças crônicas no futuro.
Outro estudo, liderado pelos nutricionistas Gilberto Kac, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Inês Rugani Castro, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), foi realizado comparando a situação nutricional de milhares de meninos e meninas com menos de 5 anos. Esta avaliação foi realizada em dois momentos diferentes.
O primeiro levantamento foi a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS), realizada em 2006, com 4.817 crianças de todas as regiões do país. O segundo foi o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani), realizado em 2019, com 14.558 participantes da mesma faixa etária. Durante esses 13 anos, foi constatado um aumento na proporção de crianças com excesso de peso, que passou de 6% para 10,1%.

 

Redução da anemia e deficiência de Vitamina A em crianças brasileiras
Um problema no qual se vê redução significativa em sua prevalência é a anemia. Originada pela carência de micronutrientes ou pela ocorrência frequente de infecções e parasitoses, essa condição afeta aproximadamente 40% das crianças menores de 5 anos globalmente, conforme estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). Crianças com anemia podem experimentar fadiga e apresentar desempenho limitado em atividades físicas e intelectuais. Há algumas décadas, cerca de 60% das crianças brasileiras, com menos de 5 anos, sofrem de anemia. Mas essa proporção, que já havia sido reduzida para 20,5% em 2006, caiu para 10% em 2019.
Outra preocupação de saúde pública que tem sido mitigada é a deficiência de vitamina A. Obtida através da ingestão de alimentos de origem animal, frutas e hortaliças de cor amarela ou laranja - que são ricos em betacaroteno - essa vitamina desempenha um papel crucial na multiplicação celular e no funcionamento dos sistemas nervoso e imunológico. A deficiência de vitamina A afetava 17,2% das crianças menores de 5 anos no Brasil, em 2006, e caiu para 6% em 2019. No entanto, houve um aumento das disparidades regionais entre os dois levantamentos. As diferenças nas taxas de anemia e deficiência de vitamina A observadas nas cinco macrorregiões brasileiras foram significativamente menores.
Os avanços na redução da anemia e da deficiência de vitamina A são motivos para celebrar, demonstrando que práticas eficazes fazem a diferença na saúde infantil. Contudo, o aumento do excesso de peso entre as crianças nos alerta para a necessidade premente de promover hábitos alimentares saudáveis ​​e estilos de vida ativos desde cedo.
Ao trabalharmos juntos para enfrentar esses desafios, podemos garantir que as crianças cresçam, não apenas saudáveis, mas também capacitadas a alcançar todo o seu potencial físico e intelectual. Investir na saúde nutricional das crianças é investir no futuro da nossa sociedade como um todo.

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Cristina Trovó
Nutricionista

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