Crianças e alimentação: papel da família
Crianças e alimentação em família
A infância é a fase em que os indivíduos têm a maior capacidade de sugar informações à sua volta. Quando o aprendizado é estimulado, os valores começam a ser formados e as prioridades também. Com a alimentação isso não é diferente, além de determinar suas preferências alimentares, crianças vão criando hábitos de acordo com aquilo a que são expostas.
Dê o exemplo
Como são os adultos quem geralmente realizam as compras e o preparo dos alimentos, a criança tem pouco poder de decisão de escolha dos alimentos dentro de casa. Se a família está acostumada a uma alimentação saudável, com alto consumo de frutas, verduras e legumes, e se possui o hábito de realizar as refeições à mesa em conjunto, a criança tende a encarar o cenário com naturalidade desde cedo.
Por outro lado, se os adultos tendem a comprar alimentos industrializados, realizar muitas refeições fora de casa, usar guloseimas como recompensa, torna-se natural que a criança encare essa alimentação como segura. Ideologia que se torna muito mais difícil de ser modificada quando os pequenos atingem a fase adulta.
Por que não usar guloseimas como recompensa?
Usar guloseimas como moeda de troca por realizações da criança pode ser perigoso. O uso da recompensa, inconscientemente, pode ser interpretado como prêmio ou algo positivo. Assim, o alimento não saudável ganha o rótulo de ser tão positivo que só pode ser merecido em troca de algum feito.
O ideal é explicar o porquê de tais alimentos serem menos saudáveis que outros e, por isso, eles são restritos a situações esporádicas. A explicação nesse caso pode ser adaptada para cada faixa etária da criança, mas nunca subestimando o poder de compreensão.
Por que não proibir certos alimentos?
A proibição de certos alimentos pode ser uma estratégia efetiva nos primeiros anos de vida, em que o paladar está sendo formado. Porém, com as influências externas, mesmo que não seja o hábito ter alimentos pouco saudáveis em casa, as crianças vão ser expostas a eles independentemente de qualquer tipo de proibição.
Quando proibimos, existe a possibilidade de as crianças maiores buscarem esses alimentos fora de casa e os encararem como um desafio, como algo que ative o modo de recompensa. Por isso, o diálogo é novamente o essencial. Apresente os alimentos aos seus filhos explicando o porquê de eles serem evitados. Se forem prazerosos, estimule a ingestão de acordo com a ocasião, sempre buscando o equilíbrio alimentar.
Como tornar mais fácil a aceitação de alimentos como frutas, verduras e legumes?
Crianças geralmente têm baixa aceitação por esses grupos alimentares. Por isso, uma boa alternativa é a familiarização com esses alimentos. A proposta de uma horta é uma boa ideia para estimular o consumo de verduras e legumes, além de ensinar o papel da responsabilidade no cultivo.
Outra estratégia é a exposição sensorial. Forneça esses alimentos e deixe a criança tocar, experimentar, cortar, cheirar. Lembre-se, eles precisam criar vínculos seguros com a comida.
Por último, para os maiores, você pode atribuir papéis durante o preparo na cozinha. Permita que eles auxiliem, de forma segura, a preparação dos alimentos e estimule o desejo de experimentar o resultado.
Dicas
- Realize as refeições à mesa em família;
- Estimule o consumo de alimentos saudáveis dando o exemplo;
- Faça exercícios em conjunto;
- Estabeleça horários;
- Estabeleça limites quanto à quantidade de diversos alimentos;
- Negocie alimentos pouco saudáveis, mas não os use como recompensa;
- Evite o consumo de frituras, doces, guloseimas e refrigerantes principalmente nos primeiros anos de vida.
Como adulto, você é o principal influenciador dos hábitos de seus filhos. É importante lembrar que, se identificar dificuldades para adotar uma alimentação saudável, ou na relação dos seus filhos com a comida, um nutricionista pode ajudar você e a sua família a adicionar mais saúde e bem-estar no dia a dia.